Coletivo Flash Noir visita casa de mulheres com dependência química; Lição de vida

Em Itajaí, num sábado de sol em meio ao inverno rigoroso de Santa Catarina, o coletivo Flash Noir visitou a casa das mulheres em Itajaí, onde se recuperam de dependência química.

Ao chegarmos, fomos recebidos de maneira surpreendente. Com muita simpatia e receptividade, as mulheres contaram para nós como é o dia-a-dia de viver por ali. Todas elas estavam caracterizadas com trajes de Festa Junina e riam atoa. 

A primeira a nos contar um pouco sobre sua vida foi Antonia, cearense e que está há 15 anos em Itajaí. Entre risadas e olhares mais sérios, ela revelou que está há nove meses de volta ao centro de recuperação, após recair no álcool. Com dois filhos, ela se emociona a falar de sua família: "Eles vem me visitar sempre", disse.

Antonia esbanja simpatia e simplicidade

Continuando nossa visita e conversando com as mulheres, encontramos a simpática Maria. Uma das primeiras mulheres a estarem ali, ela não quer mais voltar para a rua e hoje mora no abrigo. Ela também é uma das primeiras frequentadora da Igreja Evangélica que toma conta do local.

Maria abriu um sorriso para ser fotografada

Andando mais um pouquinho, encontramos a Raquel. E aqui temos a história mais surpreendente do local. Ela conta que era criminosa, praticava roubos e que sempre viveu a vida de maneira desregrada.

Ao lado de sua pequena Laura, hoje ela é outra mulher, mesmo precisando voltar ao abrigo frequentemente, quando vê que pode ter uma recaída. Hoje cursando o último ano de enfermagem, ela chegou ao abrigo com apenas 22 quilos, intoxicada com todos os tipos de Droga.

"Fiz de tudo. Usei todo o tipo de droga, assaltava, roubava. Minha vida era desregrada. Até hoje tenho dificuldade para acordar cedo, ir estudar, essas coisas que todos fazem" diz ela, com um português afiado.

Hoje, ela vive ao lado de sua filha de apenas 10 anos e se diz uma outra pessoa. Entre revelações e surpresas, ela revela quando quase morreu: "Sofri tentativa de homicídio, tudo por causa das drogas, brigas por esse motivo", disse.



Não menos surpreendente, a história de Berenice Brás, 48 anos e que usou craque por 25, também não deixa de emocionar. Dona de uma fábrica de estamparia, ela largou tudo e se afundou no vício.

"Hoje sou outra pessoa, me sinto bem aqui", disse.

O máximo que uma mulher pode ficar no abrigo são nove meses. Entretanto, Berenice considera o local como sua casa. 

"Minha família resolveu vir para Itajaí ficar comigo", revelou.

Berenice serve água para o Flash Noir

A última história é de Angelita Dioniz, 37 anos, de Itajaí, Com três filhas, ela falou com o Flash Noir ali mesmo, sentanda em sua beliche: "A familia não acredita mais na gente, aqui eles ajudam em tudo que a gente precisa, são pais", disse.

Ela ainda fala sobre o tratamento que recebeu em outros locais: "E ruim em outras clinicas, não sabem conversar, aqui eles conversam", revela.

Angelita contando sobre sua vida

A tarde de sábado jamais sairá da memória do coletivo Flash Noir. As mulheres do abrigo nos mostraram que a esperança nunca morre. Mesmo após recaídas, recomeços e frustrações, elas não desistem e se apegam na fé para uma nova vida. Uma lição de vida...


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